terça-feira, 6 de março de 2012

O SACRIFÍCIO DE ABRAÃO


O SACRIFÍCIO

Capítulo 22

Este é um dos capítulos mais notáveis da Bíblia: é a primeira vez que um sacrifício humano é mencionado, e nele se vê uma figura do sacrifício realizado pelo Senhor Jesus dando sua vida em resgate por muitos.
Esta é a quarta e a última vez em que Deus pôs Abraão à prova, obrigando-o a separar-se de pessoas que lhe eram caras:
  1. Sua parentela (ver Gênesis 12:1; Mateus 10:34-39; 2 Coríntios 6:14-18).
  2. Ló, possivelmente a quem ele se achava muito achegado, não só por ser seu sobrinho, mas também seu companheiro na fé (Gênesis 13; 2 Pedro 2:7, 8).
  3. Ismael, seu filho através da escrava Hagar (ver Gênesis 17:18; 21:9-12, Gálatas 4:30).
  4. Agora Isaque, teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas (ver Hebreus 11:17-18).
Assim como Deus pôs Abraão à prova, também nossa fé e paciência são provadas resultando em perseverança (ver Tiago 1:2, 12 e compare com Deuteronômio 8:2).
Todavia, Deus a ninguém tenta para o mal (Tiago 1:13) o que nos faz indagar por que então Ele mandou Abraão sacrificar seu próprio filho? Deus queria que Abraão provasse a sua fé: se cresse na Sua promessa de que, através de Isaque, Ele iria dar-lhe uma grande descendência, ele não temeria obedecê-lo sacrificando Isaque se assim fosse ordenado. Mas Abraão considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou (Hebreus 11:17-19).
É claro que Deus, em sua onisciência, sabia de antemão que Isaque não seria morto, porque Ele ia intervir.
Abraão portanto não hesitou: levantou-se de madrugada, preparou o que precisava, e rumou para o lugar que Deus havia determinado, com Isaque e dois dos seus servos.
Entre o capítulo 21, quando Isaque nasceu, e 23, quando Sara morreu, existe um intervalo de 37 anos. Isaque já era bem forte nesta ocasião, pois carregou um fardo pesado contendo a lenha para o sacrifício (versículo 6); logo já teria passado da adolescência, possivelmente tendo até uns 30 anos de idade.
O templo de Salomão foi edificado no Monte Moriá (2 Crônicas 3:1), perto do lugar chamado Gólgota, onde séculos mais tarde Cristo foi crucificado (João 19:17). Fica uns 80 quilômetros de Berseba, ou três dias de viagem para Abraão e sua pequena comitiva.
O holocausto era o sacrifício (de animais) usado até a introdução da lei mosaica, e é uma figura da morte vicária de Cristo.
Ao terceiro dia, Abraão viu o lugar de longe, então tomou a lenha e a pôs sobre Isaque (o Senhor Jesus levou sua própria cruz), levando ele próprio o fogo (figura de julgamento), e o cutelo (figura de castigo e sacrifício). Tal era sua fé que Isaque voltaria com ele, que ele disse aos dois servos "voltaremos para junto de vós".
Isaque estranhou que não estavam levando um cordeiro para o sacrifício e, ao perguntar ao seu pai onde ele estava, Abraão deu uma resposta profética "Deus proverá para si ... um cordeiro para o holocausto". Nesta ocasião Deus lhes proveu um carneiro: o Cordeiro veio quase dois mil anos mais tarde (João 1:29).
A obediência de Isaque, forte como era, permitindo que seu pai, um velhinho centenário, o amarrasse para sacrificá-lo, é impressionante. Da mesma forma Cristo foi obediente até à morte, tendo dito "não se faça a minha vontade, e, sim, a Tua" (Lucas 22:42).
Abraão também foi obediente, e tendo preparado tudo, tomou o cutelo para imolar o filho. Neste instante o Anjo do SENHOR impediu que ele o fizesse, bradando-lhe do céu que não ferisse Isaque, pois já dera suficiente prova do seu temor a Deus.
Deus impediu que Abraão imolasse seu filho porque isso seria pecado contra Deus (Gênesis 9:5,6), mas Ele não poupou seu próprio Filho, entregando-o por todos nós (Romanos 8:32). O carneiro que Abraão encontrou no local, e sacrificou em lugar de Isaque, ilustra o sacrifício substitutivo do Cordeiro de Deus (João 1:29).
Abraão então chamou aquele lugar de "O SENHOR Proverá", passando então a se dizer "no monte do SENHOR se proverá", o que foi cumprido rigorosamente com a crucificação de Cristo naquele mesmo lugar.
Em conseqüência desta prova de fidelidade, o Anjo do SENHOR renovou sua promessa, desta vez jurando pela primeira vez (como Abraão havia jurado ao Abimeleque), e aumentando sua amplitude, implicitamente referindo-se a Jesus Cristo quando promete que em sua descendência serão benditas todas as nações da terra (Gálatas 3:16).
Abraão creu na palavra de Deus, e foi obediente ao ponto de provar a todos os que testemunharam suas ações, inclusive nós que lemos a Bíblia, que ele sacrificaria seu filho amado, Isaque, se Deus assim o requeresse. Abraão foi justificado pela sua fé, mas teve que provar que tinha essa fé.
Este capítulo termina com uma notícia dada a Abraão sobre os filhos e netos de seu irmão Naor, que teve através de sua esposa e sobrinha Milca (Gênesis 11:27-29), também sobrinha de Abraão, bem como três filhos que teve de sua concubina Reumá. Dessa família tanto Isaque como Jacó tomaram suas esposas mais tarde, como veremos.

Por:

R David Jones 

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